Espaços abertos, flexibilidade e mobilidade são alguns dos conceitos da nova ocupação da Unilever na cidade de São Paulo
No mercado de escritórios, assim como em muitos outros, existem instalações que são referências de boa qualidade de vida no trabalho, bem como de design. Esses cases nascem, geralmente, nos escritórios de empresas que possuem perfil vanguardista em seus negócios e que fazem questão de transparecer suas ideias também em seus espaços físicos. Obviamente, para a equipe de arquitetura é sempre um desafio, afinal, algumas coisas são bem subjetivas. Mas é justamente a superação desse desafio que transforma o case em referência. Esse é o caso das novas instalações da Unilever – multinacional presente em mais de 190 países –, que ocupam oito lajes da Torre B do WTorre Morumbi, além de mais uma laje na Torre A. Ao todo, são 13 mil metros quadrados de escritórios.
Pluralidade e flexibilidade são apenas duas das palavras que definem a Unilever. Para o projeto, era preciso, então, estabelecer um espaço acolhedor e que favorecesse a integração das pessoas, além de estimular a criatividade. E é interessante lembrar que, assim como acontece com o trabalho e com os produtos e marcas da Unilever, o espaço precisava representar o perfil vanguardista da empresa, ou seja, muita coisa teve que ser pensada ainda sem referências concretas, já que o próprio escritório ou a ser uma referência.
Para encarar esse desafio, era preciso ter uma boa empresa para o projeto de arquitetura. E a escolhida foi Athié Wohnrath, que possui mais de 25 anos de mercado e é referência no setor, tendo seu nome em diversos projetos icônicos. A empresa não somente desenhou as novas instalações como também executou as obras. Em apenas 120 dias, as oito lajes da Torre B foram entregues.
O projeto
A principal ideia do projeto, levando em conta o perfil da empresa ocupante, é ser um espaço que faça com que os colaboradores tenham sempre um novo ponto de vista e circulem pelo local, dia a dia. Para isso, os escritórios são no modelo open space e sem estações de trabalho fixas. Perto das estações, existem espaços reservados para reunião e para interação, favorecendo a criação colaborativa e a troca de experiências em todos os espaços. Adicionalmente, esses espaços foram montados com layout e elementos que favorecem a criatividade e criam uma sensação de acolhimento. E, para fortalecer ainda mais o dinamismo do local, esses espaços são diferentes entre si e possuem elementos diferentes. Para trabalhos mais reservados, existem cabines com telefones.
O projeto contempla, ainda, um espaço multiúso, com paredes retráteis e tecnologia aplicada para diversas finalidades. Até mesmo os móveis do espaço são montados para proporcionarem flexibilidade de uso e para incentivarem a cocriação. Além disso, com a divisão, o espaço atende a uma demanda de coworking, para colaboradores de outras unidades, cidades ou países, de forma que eles também possam interagir com os colaboradores locais, sobretudo em resolução de desafios. O espaço, conta, ainda, com áreas de descompressão, creche com playground, espaço para amamentação e amplo refeitório.
Cada andar recebeu um conjunto de cores que seguem os portfólios de produtos da empresa, além de grafismos e imagens que representam a Unilever e a realidade do consumidor brasileiro, imprimindo uma característica local no escritório, ainda que se trate de uma empresa multinacional. A empresa de arquitetura conseguiu, ainda, alinhar tudo isso com um layout sem forro e com tijolos aparentes, com inspiração em fábricas antigas. Para completar, ferro fundido e paredes cinzas contribuem para a sensação de conforto do usuário.

Foto: Gal Oppido
Sustentabilidade
Outro desafio do projeto foi alinhar tudo o que já foi dito aqui com a sustentabilidade, com vista na aquisição da certificação LEED-CI (Leadership in Energy and Environmental Design – Commercial Interiors), selo internacional auditado pelo órgão United States Green Building Council (USGBC). Trata-se de um trabalho que tem como base o atendimento de premissas que são consideradas para a aquisição do selo, logo, não é algo tão simples, já que algumas exigências começam já na obra, como com a vedação do sistema de ventilação e a instalação de sistemas de controle da qualidade do ar.
E as características sustentáveis seguem com sistemas economizadores de água, sistema de desligamento automático do ar-condicionado, escolha de equipamentos eficientes para o condicionamento de ar, luminárias com iluminação led e com sensores de presença, além de sensores que diminuem ou aumentam a intensidade, com base na iluminação externa.
Seguindo o conceito de zero waste, promovido pela própria ocupante, não foram colocadas lixeiras individuais nas estações de trabalho. Além disso, foi adotado um sistema de coleta seletiva, com lixeiras para recicláveis e para orgânicos em todos os andares, localizadas nas ilhas de impressão. É interessante destacar que esse conceito já é empregado pela empresa: até mesmo na nova locação, móveis da antiga ocupação, como poltronas e caseiras, foram utilizados para favorecer a redução do uso de recursos naturais.
Por fim, o projeto atingiu os objetivos de representar a empresa, de estabelecer uma ótima qualidade de vida para os colaborares, de respeitar a natureza, e de favorecer a mobilidade, a criatividade e a interação.
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