Espaços corporativos: para onde seguiremos?
Com novas tecnologias e formas de trabalho, empresas mudam a forma de ocupação
Até alguns anos atrás, os espaços corporativos não refletiam, de forma alguma, os processos de trabalho dos profissionais. Empresas, independentemente do setor, pouco variavam em sua ocupação, sendo basicamente compostas por recepção, área de café, salas de reuniões e espaços para mesas de trabalho padrão. Entendia-se que quando o trabalhador não estava na sua mesa de trabalho, obrigatoriamente estava em uma mesa de reunião ou tomando um café. Com isso, certa monotonia reinava nos espaços corporativos.
Com a chegada da internet, os avanços na transmissão de dados por Wi-Fi, o o mais barato a computadores portáteis e a celulares com múltiplas funções, os espaços de trabalho puderam ser reinventados. A lógica, a partir deste ponto, se inverteu. O escritório que antes era feito para certo número de funcionários, agora é desenvolvido para acolher tipologias de trabalhos variadas, não sendo determinante o número de funcionários a ocupar.
Detalhando ainda mais: hoje desenvolvemos nossas atividades de formas múltiplas. Podemos estar numa reunião confi dencial – por isso precisamos de uma sala fechada –, ou em reunião em espaços abertos, junto a outros colaboradores. É possível, também, necessitarmos de uma sala para ocupação de apenas um profissional, ou espaços de apresentações para 20, 30 pessoas. Por vezes, precisamos simplesmente fazer uma ligação telefônica, sem que ninguém ao redor precise ouvir, ou participar de uma discussão de algum tema em um espaço mais descontraído, que favoreça a criação. O “menu” de possibilidades de formas de trabalho é extenso e pode variar de acordo com a atividade da empresa. E essa adequação depende sempre do olhar atento do arquiteto junto ao cliente.
Flexibilidade e economia
Além dessas interessantes possibilidades, uma realidade que acontece – como resposta aos avanços da tecnologia – é a concepção de espaço com mesas de trabalho flexíveis: sabendo que sempre haverá um percentual dos funcionários em férias, viagens, reuniões, visitas externas ou ocupando a diversa gama de espaços colaborativos ou concentração, é possível traçar um percentual de vacância nas estações de trabalho. Com isso, é minimizada a ocupação de postos de trabalho de 15% a 50%, dependendo do segmento de mercado da empresa, gerando menor investimento fixo e custo de ocupação.
Alguns cases recentes puderam corroborar para um maior entendimento desta nova realidade. Uma empresa de consultoria, cujos consultores estão quatro dias por semana em visitas a clientes, nos buscou para uma avaliação de ocupação dos espaços, com esse olhar dinâmico. A solução final foi a redução de 50% dos postos tradicionais de trabalho, aumento em 15% das salas de reuniões e, ainda assim, o número total de assentos supriria a empresa durante cinco anos de crescimento previsto. Este resultado foi possível porque mesmo que todos os consultores estejam no escritório, eles podem ocupar, além das mesas de trabalho, as salas de reuniões – já que trabalham sempre em grupos divididos por clientes.
Na prática, a redução de espaço foi de 4.800 m² para 2.200 m², sem prejuízos ao conforto dos funcionários e à dinâmica do trabalho.
Outro projeto, em desenvolvimento atualmente, é de uma empresa do ramo de cosméticos. Neste cliente, temos 1.100 funcionários para distribuir em 12 pavimentos. Verificamos que as áreas têm níveis de vacância diferentes e, com isso, resolvemos focar na redução de 15% a 25% dos postos de trabalho, porém sempre acrescentando a gama de possibilidades de atividades variadas, em função do perfil das áreas que ocupariam os andares. Tivemos uma menor redução de postos de trabalhos para áreas formais e corporativas e maior redução em áreas comerciais e marketing, nas quais tivemos a maior implantação de espaços colaborativos.
Sabiamente, as empresas têm migrado para ocupações mais inteligentes e confortáveis, resultando em ganhos para ambos os lados: a empresa reduz seu custo fixo, enquanto os funcionários ganham espaços de trabalho com mais qualidade. Se isso é reversível? Acredito que não. Ao olhar para o futuro, entendendo que a tecnologia tende a evoluir, entendo que os espaços arão por profundas transformações nas próximas décadas, restando a nós trabalhar com a dinâmica do momento.
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