Resumo da Semana: notícias do mercado imobiliário corporativo #115

Apresentamos abaixo as notícias mais recentes do mercado imobiliário corporativo, de 17/02 a 23/02, além de artigos e conteúdos com temas relacionados. Para se inscrever no canal da Buildings no Youtube, clique aqui.

Americanas devolve dois a cada dez galpões destinados ao e-commerce

22/02 – Suno

Antes da explosão do rombo bilionário, a Americanas (AMER3) já vinha devolvendo espaços de armazenagem destinados às suas operações digitais. Agora, enquanto vive um processo de recuperação judicial, a varejista prossegue com essa iniciativa e, a cada dez galpões para o e-commerce, dois já foram desocupados.

Um levantamento nacional feito pela SDS Properties, imobiliária especializada em galpões em condomínios logísticos, mostra que a Americanas chegou a ocupar 830 mil metros quadrados (m²) em 2022.

Desse total, a empresa devolveu quase 20%. Foram desocupados 159 mil m2 distribuídos entre Betim (MG), Resende (RJ), Cajamar (SP) e Ribeirão Preto (SP).

“As devoluções podem afetar pontualmente preços em mercados em que a vacância é elevada”, afirma Simone Santos, CEO da imobiliária e responsável pelo levantamento.

Das devoluções feitas até o momento, ela aponta esse risco para Porto Alegre (RS), onde a taxa de vacância chega a quase 17%. A cidade tem uma taxa bem acima da média nacional, que é de 10,4%, diz a especialista.

Já em outras regiões, como Grande Curitiba (PR), São Paulo e Grande Belo Horizonte (MG), o impacto das devoluções deve ser menor, pois são áreas muito demandadas.

A varejista fechou um centro de distribuição em Fortaleza (CE). Agora, a operação no Ceará terá como base o centro de distribuição em Recife (PE).

Das áreas onde a Americanas tem galpões alugados, cujas devoluções poderiam ter impacto no mercado, caso ocorram, Simone aponta Recife (PE) e Pará, onde a varejista ocupa 10% e 50% do estoque local, respectivamente.

Rio de Janeiro também preocupa. A empresa ocupa cerca de 80 mil m² de galpões e a cidade tem uma das maiores taxas de vacância do Brasil, de 16%.

Rio tem mercado imobiliário afetado pela pandemia e pouca redução no valor de aluguel

20/02 – O Dia

O mercado imobiliário no Rio de Janeiro foi bastante afetado desde que a pandemia do coronavírus começou.

Uma pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisa e Análise da Informação (Cepai) ligado ao Sindicato da Habitação do Rio de Janeiro (Secovi Rio), mostra que em 2022 houve pouca redução no valor dos aluguéis de imóveis comerciais e residencias, mesmo com a procura por locação reduzida.

No acumulado de 12 meses do ano ado, em imóveis comerciais, os únicos bairros que tiveram redução nos aluguéis foram Centro (-1,9%) e Tijuca (-1%). Enquanto isso, outros locais tiveram alta significativa, como: Flamengo (+14%), Taquara (+11%) e Del Castilho (+6,4%).

Os imóveis residenciais para locação tiveram desvalorização no aluguel somente no bairro da Tijuca (-8,8%). Já a valorização ocorreu em áreas como Flamengo (+22,4%), Freguesia (+20,5%), Méier (+6,5%) e Centro (+5,1%).

A dica para quem deseja alugar um imóvel, de acordo com o especialista Carlos Gabriel Feijó, sócio do Bragança & Feijó, é o locador buscar assessoria profissional. Já o locatário, para imóvel residencial ou comercial, deve prestar sempre atenção no estado do imóvel, para evitar problemas na devolução.

Segundo Feijó, o proprietário não deve deixar o imóvel fechado por muito tempo, para evitar acumulo de encargos. “Além do acúmulo dos encargos, temos o chamado ‘custo de indisponibilidade’, disse ele.

Nexpe é a quinta empresa imobiliária na lista de recuperação judicial

15/02 – Estadão

Mais uma empresa ampliou a lista de companhias da área imobiliária da Bolsa a recorrer à proteção legal para sanar suas contas. Trata-se da Nexpe (ex-Brasil Brokers).

Ela alcança a quinta colocação depois de outras famosas. Pela ordem, Viver (2016), PDG (2017), João Fortes (2020) e Rossi (2022). Vale destacar que a Viver e a PDG já saíram de recuperação judicial.

Nexpe segue com recuperação judicial. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Após acumular uma dívida de R$ 94,2 milhões, a Nexpe não teve outra alternativa. Entrou com um pedido de recuperação judicial na 3ª Vara de Falências e Recuperações de São Paulo, no dia 14/02. A razão para o pedido são a sequência de crises econômicas e o acúmulo de processos trabalhistas de corretores.

Isso foi o que informaram na petição os advogados do escritório Lollato Lopes Rangel Ribeiro Advogados, que representam a companhia.

A história da Nexpe começou em 2007, com a tese de formar uma grande imobiliária nacional a partir de aquisições de empresas regionais. Estas ariam a funcionar de forma integrada, com ganho de escala e sinergias. Ao todo, foram 16 imobiliárias adquiridas.

O problema é que a integração das atividades, dos sistemas operacionais e da inteligência de dados se mostrou muito mais complexa do que o esperado. E diante isso, os lucros previstos nunca vieram.

Além dos problemas de gestão, vieram os que estão além do controle da empresa. As vendas de imóveis despencaram a partir de 2014, quando a economia brasileira entrou em recessão. Mais recentemente, a crise provocada pela pandemia causou novos estragos.

Após um período de mercado aquecido na virada da última década, com muitas vendas de imóveis e pagamento de comissões, houve diminuição nos ganhos dos corretores. Isso ocasionou uma enxurrada de ações na justiça, argumentaram os advogados.

Leia mais aqui.

Shoppings vão ficar no prejuízo? Americanas não pagará aluguéis atrasados

21/02 – Terra

A Americanas começou a notificar os shoppings que os aluguéis devidos até a data do deferimento do pedido de recuperação judicial, em 19 de janeiro, não serão pagos. Isso se deve à suspensão de cobranças conferido pela recuperação judicial, onde a varejista tem lojas físicas.

Como previamente noticiado, a companhia deve R$ 11,6 milhões aos shoppings espalhados por diversas regiões do País. Os valores da lista não estão discriminados pelo tipo de despesas, mas provavelmente se referem a aluguéis e condomínios.

O número de credores de shopping centers é grande: são cerca de 90.

O comunicado desta semana é assinado pelo coordenador jurídico da Americanas, Bernardo Mesquita Costa. Ele aponta sobre o não pagamento dos valores em aberto. O eventual pagamento do aluguel até o dia 19 de janeiro “implicaria em prática de favorecimento de credor”.

Além disso, o comunicado ressalta que os créditos anteriores ao pedido de recuperação estão com sua exigibilidade suspensa. Já os pagamentos cuja competência compreende o período de 20 a 31 de janeiro de 2023 serão realizados ao longo deste mês.

O presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Glauco Humai, afirmou que o rombo da Americanas serve de alerta. Diante deste quadro, a indústria de shoppings deve buscar constantemente diversificar o mix de lojistas para diluir os riscos. “O caso serve de alerta. O setor não pode ficar refém de uma pequena base de varejistas”.

Para conferir a lista entregue à Justiça, dos dez maiores shoppings credores que concentram quase 80% das pendências da Americanas com o setor, e a Revista Buildings.

Para saber mais, e a Revista Buildings.

Com crise de varejistas, fundos imobiliários recorrem a despejo

22/02 – Investing

A maior percepção de risco de calote no recebimento de aluguel deve trazer à tona mais casos de indisposição entre os donos de imóveis comerciais e os inquilinos, principalmente as empresas varejistas.

Gestores de fundos imobiliários, analistas e advogados preveem que haverá um endurecimento das cobranças de valores atrasados daqui para frente, incluindo até mesmo “processos relâmpagos de despejo” – em que o proprietário exige a desocupação imediata do imóvel por causa de um pequeno atraso no pagamento do aluguel.

O clima mais pesado começou a ser sentido no último dia 14/02, quando o fundo imobiliário Vinci Logística entrou com uma ação de despejo contra a Tok&Stok após a varejista deixar de pagar o aluguel vencido no começo deste mês.

Outra situação de atrito no mercado se tornou pública no dia 17/02, com o fundo de investimento imobiliário Brasil Varejo comunicando que não recebeu o aluguel da Loja Marisa que vence neste mês.

A Rio Bravo, a do fundo, informou que está buscando “todas as medidas cabíveis para cobrança”.

As preocupações aumentaram após o rombo contábil das Americanas.

O pedido de despejo movido pela Vinci, por exemplo, teve tom de preocupação de que a Tok&Stok siga para uma eventual recuperação judicial. Quando esse tipo de situação ocorre, as dívidas são congeladas e o despejo é impedido até que a empresa apresente um plano de pagamento, deixando os donos de imóveis e outros credores em como de espera.

De acordo com um gestor de fundo que pediu para não ser identificado, o movimento do Vinci foi uma precaução antevendo uma possível recuperação judicial. Ele afirmou que “não é normal” o ingresso de pedido de despejo no mesmo mês do não pagamento, “inclusive porque o mês nem acabou”.

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