Os mercados brasileiros pelo olhar do investidor internacional

Mercado

Foto: Arquivo

Depois de conversar com investidores internacionais, nacionais e demais players e ouvir a opinião de economistas, o que podemos esperar para 2017

Fernando_Didziakas_Buildings

Por Fernando Didziakas, Diretor Comercial da Buildings

Os últimos anos foram bem difíceis para todos os setores da economia e, por mais resiliente que seja, o mercado imobiliário também sofreu no momento de recessão, provocando uma série de desdobramentos. Todos nós sabemos e vimos como o mercado reagiu e como foi trabalhado nesse tempo. Porém, o objetivo aqui não é “chorar o leite derramado”, mas, sim, olhar para frente e fazer uma reflexão do que podemos esperar para os próximos anos.

Do ponto de vista do investidor estrangeiro, o que mudou é que o Brasil voltou a ser pauta nas discussões de investimento, porém de uma maneira bem tímida ainda. O País ainda sofre com a desconfiança econômica e, principalmente política, além de outras variáveis que podem jogar contra os novos investimentos internacionais, como a questão do câmbio.

Nesse último mês, participei de conferências nos Estados Unidos com esses investidores, o que ouvi foi: “Sim, estamos olhando o Brasil, bem como México, Chile…” ou “Não, por enquanto não temos investimentos no Brasil”.

Em linhas gerais, o que vejo é que quem já estava no Brasil antes da crise continua aqui, mas não vemos nenhum outro player internacional vindo para o Brasil para fazer investimentos diretos em ativos, como é o caso da canadense Brookfield, do fundo soberano de Singapura GIC, entre outros que estão operando aqui há anos.

Os investidores estrangeiros procuram negócios para entrar no Brasil que, na verdade, não existem. E, se existissem, seriam absorvidos pelo nosso próprio mercado e pelos players que já atuam por aqui. Distressed assets por aqui? Acho que não.

GRI-Latam

Evento do GRI promove discussão sobre o setor em Manhattan, NY   |   Foto: Divulgação

Um começo de ano promissor

Independentemente do investimento estrangeiro, o mercado brasileiro continua no seu processo de ciclo e – sob a minha ótica – iniciando uma retomada de crescimento que já é uma resposta ao cenário econômico de flat ou pequeno crescimento previsto até o final deste ano.

Universo Corporate Classe A      Universo Corporate São Paulo

Apesar dos índices positivos, temos um longo caminho a percorrer, pois ainda temos 850 mil metros quadrados vagos em empreendimentos classe A e mais um milhão de metros quadrados vagos em empreendimentos B e C em São Paulo.

Rio de Janeiro precisa de mais tempo

Enquanto São Paulo já demonstra sinais de retomada, a cidade do Rio de Janeiro precisa de mais tempo para se recuperar. Apesar de nos últimos anos ter desenvolvido novas opções de transporte público e a região Portuária – bola da vez no Rio – continuar em evolução com o legado das Olimpíadas, a cidade sofreu muito com a crise dos últimos anos, agravada com uma crise setorial da Petrobrás que ocupa e fomenta diversos ocupantes de peso da cidade.

A vacância dos empreendimentos corporativos classe A da cidade está em 45%, graças a mais de 25 empreendimentos que se encontram totalmente vagos na cidade, sendo a grande maioria entregue nesses últimos anos.

Corporate Classe A - RJ

Mercado Industrial tem a preferência para o investimento estrangeiro

Apesar de ar por um cenário parecido com o de escritórios – de vacância alta e de novas entregas – o mercado de condomínios de galpões logísticos ainda agrada mais o investidor internacional, que aposta em uma recuperação mais rápida desse setor.

De fato, a absorção líquida nos últimos anos tem sido majoritariamente positiva, com um grande volume de absorção bruta, que pode ser interpretado como muitas oportunidades para o ativo certo com o posicionamento adequado de localização e preço. E essa questão do preço de aluguel é algo relevante, pois muitos players têm reportado
um movimento não apenas de flight-to-quality, mas, sim, de flight-to-price.

Em suma: se compararmos o atual humor para novos investimentos com o de seis meses atrás, podemos dizer melhorou muito. Do ponto de vista do investidor, a retomada dos preços de aluguel para patamares maiores do que os praticados hoje ainda não é uma realidade e nem será, em curto prazo, porém os índices de mercado dão um alento de que o pior pode já ter ado.

Fonte dos dados: Buildings

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