Na outra ponta, o Ifix embala 19 altas seguidas e alcança o maior nível desde outubro de 2022.
Notícia do Valor Investe aponta que os fundos imobiliários que investem em imóveis físicos se destacaram dentro da classe no último mês. Também conhecidos como fundos de “tijolo”, essa classe de ativo sofreu as agruras da pandemia.
Mas a boa notícia é que abril marcou uma mudança de perspectiva na indústria em sua totalidade.
Após anos seguidos de forte valorização dos fundos de “papel”, focados em títulos de renda fixa do setor imobiliário, o setor de tijolo deu uma guinada.
Prova disso é que ele dominou a lista de fundos imobiliários com maior retorno. Esse levantamento foi feito pela Quantum Finance para o Valor Investe. O destaque está justamente para os fundos de galpões logísticos e lajes corporativas.
Outro destaque interessante para o mercado aponta que o Ifix, índice de referência da classe de fundos imobiliários, vem em uma trajetória de 19 pregões seguidos de alta, de volta aos 3 mil pontos. Este patamar não era alcançado desde outubro do ano ado.
Semelhante ao que tem sido visto no mercado acionário, a retomada do apetite ao risco ocorre em um momento no qual os investidores am a atribuir ao preço dos ativos o início do processo de redução da taxa de juros.
Mesmo com a volatilidade da renda variável desde o início do ciclo de alta dos juros, houve fundo que entregou em abril rentabilidade superior à Selic no mês ado.
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Visão de analista
Segundo Caio Nabuco Araujo, analista de fundos imobiliários da Empiricus Research, existem dois motivos por trás da valorização do segmento em abril.
Mas, antes de abordar os pontos, é importante ter em mente que as cotas dos fundos de tijolo são negociadas com descontos expressivos, após sucessivas quedas ao longo dos últimos três anos. Isso ocorreu ainda em reflexo da pandemia e do ciclo de aperto monetário.
Recentemente, no entanto, o setor foi beneficiado pelo recuo da curva de juros futuros. Isso aconteceu em meio ao entendimento do mercado de que a apresentação de um novo arcabouço fiscal reduziu, justamente, o risco fiscal do país.
Neste sentido, como os fundos de tijolo são mais sensíveis à dinâmica de juros, a perspectiva de redução da taxa Selic no horizonte à frente deu força a um movimento mais pujante de retomada do segmento em abril.
Para se ter uma ideia, entre os 10 fundos imobiliários com maior rentabilidade no último mês, nove são do setor de tijolo. Isso é interessante. Vale ressaltar que apenas um pertence ao segmento de papel.
No topo, um fundo de galpões logísticos entregou retorno de 15,13%, enquanto outro de lajes corporativa teve rentabilidade de 14,16%. Detalhe importante: ambos acima do patamar de 13,75% da taxa básica de juros.
Vale considerar que eventuais quedas da Selic podem reduzir a atratividade dos produtos de renda fixa. Isso acontece porque estes am a ter uma rentabilidade menor, à medida que os juros começam a encolher.
Apesar de prejudicar a categoria mais conservadora, o movimento é oportuno para os ativos de renda variável. Por apresentar um risco maior, esses investimentos costumam entregar um retorno mais robusto aos investidores. E esse é o caso dos fundos imobiliários.
O que vem pela frente
Não só a perspectiva de juros menores foi bem recebida pelos investidores de fundos imobiliários, como os dados de inflação abaixo do esperado em abril deram fôlego à retomada do setor de tijolo. Na leitura do mercado, as divulgações trouxeram certo otimismo de que o Banco Central tem espaço para reduzir a Selic a partir do segundo semestre.
“Esses dois pontos combinados aliviaram um pouco os riscos dos fundos imobiliários de tijolo e, por isso, houve uma alta generalizada entre os fundos do segmento no mês ado”, pontua Araujo.
Basicamente, o cenário de redução do risco no país, embalado por um movimento de queda dos juros tende a potencializar a valorização dos fundos de tijolo à frente. Mas, para que isso aconteça, é preciso que haja um ciclo mais definido de redução da Selic.
Além da dinâmica de juros que, por si só, atrapalha a vida dos fundos imobiliários em geral, os fundos de tijolo ainda estão submetidos aos ciclos do setor imobiliário. Como em épocas de taxa de juros elevada o crédito mais caro implica em uma menor expansão do segmento, os efeitos negativos são sentidos pelos fundos.
E o oposto também é verdadeiro: juros baixos permitem o desenvolvimento do setor imobiliário e abrem espaço para a valorização dos fundos imobiliários na bolsa. Prova disso aparece na recuperação recente dos fundos de tijolo que fazem parte da composição do Ifix.
Para saber mais, e notícia do Valor Investe
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