Como o setor de escritórios enfrenta a Covid-19 no Brasil

E-meeting do GRI Club reuniu grandes nomes do setor para compartilhar percepções sobre o novo cenário.

Na virada do ano, o que se esperava para o setor imobiliário brasileiro e, particularmente, para o mercado de escritórios, que vinha registrando significativa recuperação, era um cenário crescentemente favorável. Nas últimas semanas, no entanto, com o advento da pandemia da Covid-19, a realidade se transformou completamente e, em meio a tantas incertezas, tem sido extremamente desafiador fazer novas projeções e conduzir os negócios.

Como os principais players do segmento de lajes corporativas estão lendo e enfrentando toda essa reviravolta? Quanto tempo deve levar a retomada da normalidade social e econômica? Que impactos o mercado de escritórios já sofre aqui no Brasil e quais devem ser esperados nos próximos meses? A quais questões jurídicas é preciso se atentar? Como ficam as decisões operacionais e as de investimento? E, por fim, que lições já há a aprender com países que foram acometidos pelo surto do novo coronavírus antes de nós?

Essas e diversas outras questões foram objeto de um e-meeting do GRI Club no dia 17/03, que reuniu mais de 60 dos maiores nomes do setor para compartilhar  percepções e experiências. Confira os principais pontos discutidos:

Impactos do coronavírus ao mercado

A maioria (60%) dos executivos e investidores do setor de escritórios que participaram do e-meeting do GRI Club tem hoje a compreensão de que 2020 será pior ou muito pior do que foi 2019 e 30% acreditam em um ano similar, uma queda e tanto do otimismo que se observava até recentemente, captado pelo Termômetro do GRI.

A analogia que se faz agora é de que o Brasil começa a entrar num túnel, ainda completamente escuro, sem que se possa ver de onde virá a luz. O PIB, como um todo, deve sofrer, chegando a dezembro provavelmente com resultado negativo. Por outro lado, por se tratar de uma economia ainda relativamente fechada se comparada a países mais desenvolvidos, há a possibilidade de que os efeitos da pandemia venham a ser mais amenos aqui do que em outras partes do globo.

Entre os diversos segmentos imobiliários, o de escritórios não deve ser o mais pressionado – diferentemente de hotéis e varejo –, mas isso nem de longe significa ar ileso pelas turbulências, sobretudo caso se estendam por longos meses.

Um movimento de interrupção/adiamento de pagamentos de aluguéis e renegociação de contratos, que já se vê na Ásia e na Europa, inclusive formalizado pelo presidente da França, Emmanuel Macron, na última segunda-feira (16/03, permitindo a suspensão da quitação de contas corporativas como as de locação por 90 dias), é algo que tendemos a ver no Brasil, seja por falta de caixa dos ocupantes ou mesmo por dificuldades operacionais, sem que
seus departamentos financeiros estejam em pleno funcionamento. É certo que a lei do inquilinato coloca mais restrições a esse tipo de atitude por aqui, mas se esperam crescentes notificações nesse sentido –
assim como já se observa aumento de adiamentos de projetos e contratos, além de contenção de demandas
de ocupação.

Do ponto de vista jurídico, a percepção é de que os contratos de locação – de escritórios, mas também de hotéis e de construção – com grandes prazos a serem cumpridos, arão por fortes questionamentos e deverá ser levada em consideração a discussão de caso fortuito de força maior como justificativa para redução de penalizações ao locatário (por atrasos, rescisão etc.). É possível que um movimento grande de litígios venha pela frente.

Por conta do seu caráter generalizado de pandemia, os efeitos da Covid-19 sobre a economia, o mercado imobiliário e, naturalmente, o segmento de escritórios, não ficarão s geograficamente, atingindo os principais mercados nacionais (São Paulo e Rio de Janeiro) e os demais.

Duração da crise e retomada

Mais do que as consequências negativas da pandemia do novo coronavírus, interessa aos players de escritórios entender qual deve ser a duração dessa crise no Brasil e o que tende a acontecer na volta à normalidade. Para a maioria (mais de 70%) dos participantes do e-meeting do GRI Club, o período mais turbulento vai levar até cinco ou sete meses.

A velocidade de retomada é uma incógnita. Ao mesmo tempo em que a taxa de emprego e a evolução da renda numa economia que já patinava e agora se paralisa (ou enxuga) jogam contra, os juros baixos (global e nacionalmente) são um elemento a favor da recuperação do consumo e do aquecimento de múltiplos setores – inclusive o de escritórios.

Do ponto de vista da construção civil, 2020 pode vir a ser um ano perdido, com a paralisação de obras por vários meses, que coincidem justamente com a época mais produtiva para essa atividade, a de pouca chuva.

Fundos imobiliários – Como ficam?

Os fundos de investimento imobiliário (FIIs) também entraram na pauta do e-meeting do GRI Club. Após um 2019 de franca expansão,observa-se a partir de agora um estancamento de novas emissões, além da reprecificação dos ativos e da expectativa de alguns ‘soluços’ em termos de dividendos.

Ainda assim, num quadro de Selic baixa e isenção de imposto de renda sobre rendimentos, os FIIs podem manter a atratividade a muitos investidores, ada a fase de maior incerteza, mas provavelmente não de forma acentuada como em 2019.

Estratégias de investimento no presente contexto

No atual cenário de incerteza, os players do setor de escritórios estão preferindo adotar uma postura cautelosa, concentrando-se em observar e entender a reconfiguração da economia e do mercado para apenas depois tomar decisões de investimentos. Na discussão, 70% manifestaram ser essa a sua postura.

GRI Club lança plataforma global online de conexão dos líderes do setor imobiliário

E-Meetings permite troca de ideias e diálogo neste período desafiador para o mercado imobiliário mundial.

Nestes momentos incertos em que os líderes do setor precisam se conectar mais do que nunca, o GRI Club reforça seu papel como a plataforma global de relacionamento entre os players do setor imobiliário.

Com mais de 70 e-Meetings já confirmados participantes de 30 países, o clube reúne uma comunidade global online exclusiva de investidores, bancos, desenvolvedores e proprietários de ativos imobiliários C-Level que discutem os impactos globais do mercado imobiliário, com perspectivas variadas. E para fomentar ainda mais a comunicação entre os executivos, lançamos o e-Community, uma plataforma de comunicação entre os membros em que é possível
trocar mensagens, realizar videochamadas, agendar reuniões, ar conteúdos exclusivos e participar de discussões sobre os diferentes setores do mercado imobiliário.

Entre os participantes das últimas edições estavam: Federico Bianchi, MD & Head of Asset Mngt Europe, Starwood Capital, Brian Betel, Managing Partner, ASG Iberia Advisors, Christoph Schumacher, Global Head Real Estate, Credit Suisse, Jill Ziaozhou Ju, CIO, The Collective, Mohamad Abouchalbak, CEO, SFO Group, Rui Miguel Alegre, Chairman, INOGI Asset Management, Jan Janseen, Managing Director, Investment Banking Division – Co-Head of EMEA Real Estate Finance, Goldman Sachs International, João Carlos Lelis, Fund Management Director, Sonae Sierra e muitos outros.

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